Por: Fernanda Alves e Rodrigo Rebechi 11/11/2010
Bandidos oriundos do Rio ocupam comunidade do Rato Molhado e fazem listagem para identificar nomes de policiais e informantes. Moradores da região estão aterrorizados
Bandidos da facção criminosa Comando Vermelho (CV) oriundos do Rio, que no último fim de semana retomaram o tráfico de drogas na Favela do Rato Molhado, em Itaipu, estão fazendo um “recenseamento” paralelo da população local. O objetivo é identificar policiais, militares e informantes que vivem na comunidade e em seus acessos. Uma lista com 13 nomes e seus respectivos endereços já teria sido elaborada pelos criminosos, que estariam planejando uma ação para expulsar ou até mesmo matar seus desafetos. A denúncia é dos próprios moradores, que estariam sendo aterrorizados pelos criminosos. Alguns deles contam que já estão de malas prontas para deixar a favela.
“Uma cópia dessa lista foi achada no chão por uma moradora. Com medo de represálias ela não levou a lista para a delegacia e por ordem do marido queimou o papel. Assustado, o casal está entre os que pretendem deixar a comunidade”, informou um morador.
O clima no local é de medo desde a última quinta-feira, quando 15 traficantes da Mangueira e do Jacarezinho, armados com fuzis e pistolas, chegaram à comunidade, onde vivem cerca de 250 famílias.
Na ocasião, casas foram invadidas pelos criminosos, que chegaram a usar os telefones dos próprios moradores para se comunicarem com comparsas da capital. Algumas famílias foram expulsas e suas casas se tornaram bases para a quadrilha, que inclusive ordenou o corte de várias árvores, para facilitar a visão de cima das lajes.
“Com a recente prisão de Edinho, que era chefe do tráfico na favela e a morte de seu sucessor, um tal de João Carlos, o Coroa, do Jacarezinho do Rio, juntamente com Anderson Careca, chefe do tráfico da favela do Jacaré, em Piratininga, teriam assumido a comunidade. Esse Careca teria designado um homem identificado como Jorginho para tomar conta da boca de fumo aqui”, contou outro morador, informando que o grupo também controla as comunidades da Avenida 12 (Goiabão), Pau Roxo e do Arvoral, todas na Região Oceânica.
Mulheres também integram a quadrilha e “desfilam” armadas pela favela.
“Até elas estão armadas com revólveres. Algumas fazem comida para os traficantes ou ficam buscando quentinhas nos restaurantes próximos. Antes estávamos acostumados com apenas dois ou três criminosos, agora temos que ver diariamente uma quadrilha enorme”, lamentou.
Polícia diz que já sabe de listagem e promete agir
O titular da 81ª DP (Itaipu), Adilson Palácio, informou já estar ciente da listagem feita pelos traficantes.
“Estamos acompanhando de perto, monitorando informações de que possíveis bandidos vindos do Rio possam estar ocupando aquela comunidade. Irei esta semana me reunir com o comandante do 12º BPM (Niterói) para saber das informações colhidas por ele sobre o tráfico de drogas na Região Oceânica”, revelou, afirmando que tem realizado frequentes operações para combater não só o tráfico , mas também o roubo a residências e veículos no bairro.
Já o comandante do 12º BPM (Niterói), tenente-coronel Ruy França, disse que vai investigar as denúncias para determinar que tipo de ação será realizada naquela região.
Segundo moradores, criminosos têm recebido reforços diários. “Terça-feira à noite chegaram cinco homens em mototáxis, três oriundos da Boa Esperança, em Itaipu, e dois do Jacaré. Eles circularam pela comunidade dizendo que X-9 (informante) tem que morrer”, relatou um morador, informando que várias pessoas foram ameaçadas.
“Não dormimos de madrugada, estamos todos aqui apavorados. Escutamos muitos tiros na madrugada do último sábado e temos medo até de que alguém já tenha sido executado. A comunidade é pequena e só tem três acessos. A polícia precisa agir. Entrar aqui, prender esses bandidos e depois pacificar o local, para acabar de uma vez com esse tormento. Não adianta nada fazer operação um dia só, pois depois os criminosos voltam”, acrescentou, referindo-se a uma operação da Polícia Civil que na terça-feira prendeu cinco suspeitos e apreendeu um revólver calibre 38.
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